O MACACO NU – DESMOND MORRIS
A obra inicia com uma introdução ao tema. O autor se apresenta como um zoólogo e,
desta forma, passa a “avaliar” o ser humano da mesma forma que avalia o comportamento de
qualquer outra espécie animal. Após uma breve introdução, inicia-se um discurso a respeito
das possíveis Origens do “Macaco Nu”. Neste momento, algumas teorias de como o “macaco”
se tornou “nu” são citadas, como por exemplo, a Teoria que admite que o macaco teria
atravessado um alonga fase aquática, entre outras.
A obra inicia a análise desta interessante espécie através do comportamento sexual.
Primeiramente, é explicado que o comportamento sexual atravessa três fases: formação de
pares, atividade pré-copulatória e cópula, sendo que esta última fase, ao contrário da maioria
dos primatas, é realizada na posição horizontal. O autor cita também as reações dos corpos do
macho e da fêmea aos estímulos sexuais, bem como as diferenças da constituição dos órgãos
genitais do humano (e locais específicos como boca e seios, que seriam responsáveis pela
excitação sexual) comparados com o mandril e à babuína gelada por exemplo.
No terceiro capítulo, o autor aborda o Crescimento da espécie. Primeiramente fazendo
uma análise do parto, da produção de leite e da amamentação, concluindo que a forma das
mamas de nossa espécie depende muito mais de motivos sexuais do que alimentares. Logo
após, o autor analisa a relação mãe e filho, comentando que a maioria das mães carrega seus
filhos no braço esquerdo, o que pode ter uma relação com a tranqüilidade transmitida pelos
batimentos cardíacos da mãe, que remeteriam ao bebê o seu tempo na barriga materna. Desta
forma, também é possível correlacionar vários fatos com o ritmo dos batimentos cardíacos que
remetem a fase da gestação (por exemplo, quando nos embalamos em situações de angústia e
insegurança). Logo após, temos uma análise do choro e do riso, o que os provoca e a maneira
A Exploração é tratada no quarto capítulo do livro. Neste momento, o autor se utiliza
de muitas comparações entre o macaco nu e os chimpanzés, principalmente na fase de
descobertas da infância, dando ênfase maior para a comparação entre os desenhos produzidos
por crianças humanas e chimpanzés. Os humanos, na infância, têm capacidade de desenhar
rostos, carros, casas, etc, enquanto os chimpanzés não fazem desenhos além de círculos,
quadrados, e formas desconexas. O autor deixa claro que os primeiros desenhos, tanto da
criança como do chimpanzé, não tem nada a ver com comunicação, são, portanto, atos de
descoberta, invenção e experimentação de possibilidades. Após esse exemplo dos desenhos, é
citado também o desenvolvimento da dança, música, ginástica e esportes como fatores
exploratórios. Esse comportamento exploratório desempenha papel importante nos
comportamentos básicos de alimentação, luta, acasalamento e etc. A partir daí, o autor passsa
a citar exemplos de chimpanzés que viveram a infância isolados e tiveram dificuldades de se
socializar quando adultos, demonstrando sua “tensão” por meio de tiques e dificuldades de
estabelecer contato com os demais. Por isso, é necessário estabelecer na nossa espécie e nas
demais, certo equilíbrio tanto na fase inicial (bebê, necessita de segurança e proteção) como
na fase posterior (criança encorajada a sair e ter contatos sociais).
A análise dos instintos agressivos aparece no quinto capítulo onde o autor inicia
estabelecendo as duas principais razões que norteiam a luta entre as espécies:
estabelecimento de domínio me uma hierarquia social, ou estabelecimento dos respectivos
direitos territoriais em determinado terreno. Então, passa-se a observar uma série de
alterações fisiológicas nos indivíduos envolvidos na luta. Estas alterações são guiadas pelo
Sistema Nervoso Autônomo, composto pelo Sistema Simpático (responsável pela preparação
do corpo para atividades violentas) e o Parassimpático (mantém e reconstitui as reservas do
corpo). São citadas as principais maneiras de apaziguamento: através de sinais para acalmar o
dominante, e através de contribuição para mudar a disposição do dominante. Com relação à
espécie humana, as alterações fisiológicas geradas pelo momento de agressão são
praticamente as mesmas das demais espécies, exceto pelo fato de não utilizamos a ereção de
pêlos para intimidar o adversário e utilizamos mais o potencial vocálico. O olhar fixo e direto é
característico da agressão mais clara, o que explica a tensão frente a muitas ocasiões como,
por exemplo, apresentar uma conferência ou ser ator em uma peça de teatro, visto que nestas
situações se tem o olhar minucioso e fixo de uma platéia. O ator comenta que muitas espécies
como as mariposas utilizam manchas em formato de olhos como mecanismos de autodefesa.
Tratando-se das armas de ataque, são citadas as espingardas e bombas como forma de ataque
à distância. Tendo em vista que a agressão visa à dominação e não à destruição, o livro aponta
que essa evolução da destruição em massa pode ser a nossa ruína e conduzir à rápida extinção
da espécie humana. O capítulo também compara o conceito de religião com a submissão a um
ser superior (assim como nos conflitos) apontando que acreditamos em um pós-vida.
O sexto capítulo da obra trata sobre a alimentação do macaco nu, fazendo
primeiramente uma análise da necessidade do macaco ir à caça para garantir seu alimento. O
autor aponta que hoje o hábito da caça foi substituído pelo hábito de trabalhar, e muitas vezes
as atividades do trabalho não satisfazem as exigências do extinto caçador, o que é um dos
fatos desencadeantes da criação de jogos e caçadas. Atualmente, temos refeições principais
estabelecidas durante o dia, normalmente trata-se de quatro refeições por dia. O fato de
aquecermos a comida é relacionado com a estimulação à temperatura da presa, já o ato de
adicionarmos uma série de condimentos saborosos aos alimentos é visto como um hábito
adotado dos primatas típicos. Analisando o paladar, é citada a importância da língua e da
capacidade olfativa para determinar sabores. Assim como um abuso de armas pode conduzir a
um desastre agressivo, o abuso de técnicas alimentares culturalmente aperfeiçoadas pode
conduzir a um desastre nutritivo.
Falando de conforto, no capítulo sete o autor inicia abordando a importância da
conservação dos pêlos assim como os pássaros conservam suas penas, ressaltando a
importância do ato de “catar” entre os primatas e suas manifestações também nos humanos.
Através da vocalização verbal, são estabelecidos quatro tipos de conversas: informativa, de
expressão emocional, exploratória e catadora. Interessante ressaltar que muitas
manifestações de desconforto físico, doenças e etc, são consideradas como necessidade de
catar e ser catado, remetendo aos primórdios. O banho, ou lavagem freqüente, também é
citado como uma atividade que ao mesmo tempo que remove óleos e sais protetores da pele
também remove a sujeira que poderia causar doenças. Neste momento também são
apontadas as importâncias da sudação como reguladora térmica e sinal emocional, bem como
a importância da ascensão da medicina na garantia do conforto e permanência da espécie.
A obra termina citando o comportamento interespecífico do macaco nu com as
demais espécies, primeiramente estabelecendo que podemos encarar os animais de cinco
maneiras diferentes: como presas, simbiontes, competidores, parasitas ou perseguidores. O
mais antigo simbionte é o cão que esteve muito presente na vida dos nossos antepassados e,
através de reproduções seletivas foi-se adaptando as necessidades do homem. O autor cita
uma pesquisa realizada em um zoológico onde crianças de 04 a 14 anos foram indagadas a
respeito de seus animais favoritos e os mais odiados, a partir daí são feitas análises que
concluem que as respostas dependem muito da idade, sexo e da fase que está sendo vivida.
Foram determinadas sete fases para a explicação da relação interespecífica: fase infantil,
infantil-progenitora, objetiva pré-adulta, jovem adulto, progenitora adulta, pós-progenitora e
senil. Também é indicado que normalmente “avaliamos” a importância de determinada
espécie de acordo com seus aspectos econômicos, científicos, estéticos e simbólicos. No final
do livro, é abordada a questão do crescimento populacional descontrolado e da necessidade
de o macaco nu se observar como mais um animal dentre de tantos que a natureza agrega. É
necessário contemplarmo-nos friamente como exemplares biológicos e compreender alguma
coisa sobre nossas limitações.
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